quinta-feira, 23 de setembro de 2010

As memorias de um eis combatente Nº 9

De volta ao Cobué e depois de mais algumas aventuras no regresso, carregado com duas violas acústicas compradas em Lourenço Marques, já estavam destinadas mesmo antes do início das ferias, uma que seria para mim e a outra seria para o Luis Filipe Barros e Silva.

Depois de muitas tentativas, depois de alguns acordes, pela minha parte era quase como por uma galinha a tocar musica, mesmo assim a ainda me acompanhou durante alguns anos mas era só como uma boa companhia para mim.
O Luis tinha mais paciência que eu e enquanto na tropa lá conseguia tocar alguma coisa, não sei se no futuro conseguio mais, ainda não falamos nisso.
Agora vos vou contar as lembranças de uma das operações em que estive envolvido, (assim como se lembraram todos os outros envolvidos) minha equipe e devido por pertencer a carregar com a metrelhadora que geralmente era carregada pelo (Albino) por outras palavras, o João José Garrido Rossa, era o que tinha mais cabedal na equipa e iamos na frente.
Depois de uma noite a andar e com pouco descanso.
Logo de manhã e pela fresquinha, isto no planalto a norte de Nova Coimbra, junto a um trilho bastante batido, onde se conseguia ver que era bastante frequentado por passantes, o Comandante dá ordem de paragem, colocar o pessoal ao longo do trilho, camuflar o mais possivel.
Esperar.!!!!
Eu lembro logo que caí no chão adormeci.
Sei que fui acordado por um dos meus camaradas não muito tempo depois.
Dois fulanos que se aproximavam.
Ordem para ninguem disparar, deixar chegar até ao fim da nossa linha de embuscada e aqui sim o primeiro tiro a ser disparado, seria pelo Cabo FZE Sousa que estava junto com a minha equipe mesmo no fim da linha, isto para o caso de haver outros fulanos mais atrazados.
Desta não aconteceu haver mais, eram só estes dois.
Ouve o primeiro disparo, depois uma rajada de metrelhadora os dois fulanos começam a correr para o arvoredo um deles não deu para correr muito, caiu a não muitos metros do sítio onde foi atingido, sem nenhuma esperança de vida.
O Comandante dá ordem ao ordenança do terceiro Oficial para acabar com ele.
Alguns insultos ditos pelo futuro defunto em pleno Portugues. Uma G3 apontada á cabeça um disparo e passou mesmo a defunto, soube-se pelo guia este ser o 2nd comandante das bases do Niassa.
Entretanto o outro que era oficial da tropa da Tanzania e depois de uma correria louca, mais tiros de G3, um de morteiro ainda conseguio passar ate ao fim do planalto e mandar-se pela ribanceira. Soube-mos depois que também tinha morrido.
Mais nova embuscada agora na estrema do planalto.
Não muito tempo passado e vindo do sentido oposto e provavelmente vindo da base que neste caso, estaria próxima, aparece um grupo para fiscalizar o que tinha acontecido. Neste estavamos um pouco longe.
Mesmo assim ainda ouve alguns disparos mais uma correria atrás deles.
Estes tiveram mais sorte, conseguiram fugir.
Daqui foi só sair do planalto, descer pela encosta não sem ouvir alguns disparos do sitio onde tinhamos estado antes.
Começa a cair a noite e é mais uma noite a dormir no chão, bem não era assim tão mau para quem gostasse de fazer campismo, não só quando se está cansado, dorme-se em qualquer lado.
Na manhã seguinte, rumo a Nova Coimbra, onde chegamos ainda cedo.
Tivemos uma optima recepção pela tropa estacionada ali. Eles tinham ouvido a festa do dia anterior.
Nesta operação conseguimos levar connosco algumas armas que tinhamos capturado. 2 pistolas e uma AK47.
De Nova Coimbra até Metangula não era muito longe mas depois de todo este tempo no mato e como a operação já tinha terminado, fomos em camiões, creio que da marinha que tinham ido de Metangula.
Em Metangula embarque nas LF’s e mais duas horas e meia deitados no chão e a dormir claro, até ao Cobué, para mais alguns dias de descanso e até a próxima saída em operação.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

As memorias de um eis combatente No 8

Na nossa chegada constatamos que o nosso aquartelamento tinha sido uma missão católica, com uma estrutura ainda em muito boas condições, com uma formação em “u”, albergava na parte norte, parte da Companhia de Fuzileiros Navais a outra parte estava em Metangula, nós o Destacamento de Fuzileiros Especiais 9 na parte Sul assim como a messe e dormitório dos oficíais que ficava de frente para o Lago, depois e na parte centro era o refeitório, o bar que era gerido pelo Manuel Pereira Alves Martins (mais conhecido pelo Ezzard), um ginásio e um estúdio de fotografia, que era operado por um membro do destacamento. De momento não lembro quem era, também na parte sul mas ja fora do edifício onde havia uma pequena construção onde era a cozinha e um forno a lenha .

Depois a sul do aquartelamento uma Igreja em que já só as paredes se mantinham de pé, mais para sul ainda o aldeamento Africano.
Por detrás do edifício e para o lado do interior um pequeno campo de futebol em terra batida, aqui se realizaram bastantes jogos. Em cada canto do edifício a poucos metros uma torre que servia para vigia ou sentinela.
Em todo o tempo que permanecemos no Cobué e em grupos maiores ou mais pequenos, todas as semanas saiamos para o mato em patrulhamento ou como nós chamavamos, em operação.
Saidas do aquartelamento sempre de noite, embarcados nas LF’s e depois desembarcados em botes de borracha, o ”Zebro III”, em lugares estratégicos para começar o patrulhamento, geralmente de três ou quatro dias. Um guia Africano assim como alguns carregadores também Africanos para carregar o excesso dos Homens que levavam as metrelhadoras, geralmente duas, uma a frente e outra atrás na fila de progressão, o morteiro de 60 mm e ainda o lança roquetes, estavamos mais ou menos artilhados para o que desse e viesse.
O Comandante 1º Tenente Fuzileiro, Pedro Salgado Batista Coelho e no sentido de progreção no mato, ele sempre na frente, em segundo ou terceiro na fila indiana, um homem que conhecia a sua guarnição, os seus pupilos que conhecia cada um.
Operações e mais operações, escaramuças, emboscadas ataques, lá fomos sobrevivendo.
Depois de algum tempo no Cobué passo um mês de férias com destino a Lourenço Marques.
Até Metangula de lancha, de Metangula até Vila Cabral de Dakota e aqui um pouco complicado porque um pequeno avião carregado de mercadoria e pessoal, foi difícil ganhar velocidade e começar a subir, depois de ter saido da pista e já por cima da água não havia o momento de ele começar a subir era como uma eternidade, lá escapamos mais desta.
Vila Cabral, Lourenço Marques na Deta linhas aéreas de Moçambique, aqui um avião maior e com mais conforto com alguma comida e bebida.
Umas férias boas, no sentido da palavra, poque não seria mesmo em Lourenço Marques, mas sim no interior a cerca de 260 Kms, mesmo assim não foi mau de todo.
Uma Vila com o nome Manjacaze, no Distrito do Xai Xai.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Firmino Silvério Silva (Mar Fze 598/68)




Em 1970                                                                      Na actualidade

Cancioneiro do Niassa Velhas picadas esburacadas Capim cerrado E o calor, sinto o suor Corpo cansado Moscas mosquitos Bichos esquisitos Ai é...