OPERAÇÃO GAVIÃO
Relatório da Operação
De 17/9/70 a 30/9/70
3 Oficiais, 4 Sargentos, 65 Praças.
Estacionamentos em: Montepuez, Nairoto, e Nakatari.
Em Mueda foi montado acampamento.
Efectuada operação Gavião de 23/9/70 a 26/9/70.
Resultados: Positivos – Capturada população civil 10
crianças e uma mulher
Negativos- Guia nativo ferido
com gravidade em emboscada sem outras consequências. Evacuação efectuada por
Heli.
Durante a operação foi montado um posto de relé de rádio em
casa civil para apoio ao Destacamento.
Regresso em coluna no dia
29/9/70 ás 06 e 30h. Chegada a Porto Amélia
a 30/9/70 ás 01 e 30h
Ou, como estive sobre
prisão na varanda de um 1º andar
Como acima
foi dito, foi montado um posto rádio na varanda de um edifício civil para dar
apoio ao destacamento enquanto este cumpria a operação.
Como
sabe quem esteve em África e principalmente em Mueda, os dias são muito quentes
e as noites muito frias. Atendendo que eu era o único telegrafista estive
sempre de serviço durante os 3 dias da operação.
No
segundo dia pelas 18h recebi do Carlos
Guilherme (o telegrafista que foi com o destacamento) um pedido urgente pois
estavam a ser bombardeados pelos obuses de Mueda que estavam a cair muito
próximos do local onde iriam pernoitar. Como é lógico dirigi-me imediatamente á
Messe dos oficiais que distava uns 300 mts, tal e qual estava vestido. Entrei e
perguntei a um ordenança quem era o oficial de Artilharia, tendo-me sido
indicado um major vestido a rigor acompanhado por 2 senhoras. Dirigi-me a ele e
antes que pudesse dizer palavra foi recebido nestes termos:
O que é que fazes aqui seu maltrapilho?
( Convém acrescentar que eu ia de calções, chinelas e tronco nu) e virando-se
para o ordenança disse: Quero este homem imediatamente sobre prisão, chame o
cabo da guarda. Sem me deixar intimidar fiz a continência e entreguei a
mensagem que trazia. O homem mudou de cor mas não voltou a trás com o que ele
considerava uma enormíssima falta de respeito. Enquanto esperáva-mos pelo cabo
da guarda lá fui explicando que não podia ser preso pois era o único
telegrafista e tinha que voltar para o meu posto para comunicar ao meu
comandante que já tinha entregue a mensagem. Nem assim ele mudou de ideias e eu acabei por voltar
para o meu posto com um sentinela e sob prisão, o que diga-se de passagem até
deu jeito pois assim já podia ir á casa de banho sem me preocupar com possíveis
chamadas.
Quando
o Destacamento voltou o comandante foi informado da ocorrência, não ligou à
queixa do sr major e tudo voltou ao normal.