terça-feira, 31 de agosto de 2010

As memorias de um eis combatente No 7

Metangula.

O Paraíso do Niassa.
Metangula! aqui era a base da Marinha no lago Niassa, com uma guarnição não muito grande, parte de uma companhia de Fuzileiros Navais, que deveriam ser cerca de 70 homens, o pessoal que pertencia ao commando da base e nós o destacamento de Fuzileiros 9.
A base se sitúa numa peninsula no lago, com aéroporto, em terra batida, muito curto, no sítio em que se situava não havia espaço para mais, servia para pequenos aviões, assim como o Dakota que era um avião de transporte de carga e pessoal da força aérea.
Nos primeiros dias foi para por tudo em ordem, dividir o destacamento em equipas.
A mim como chefe de equipa e como não tinha qualquer preferêcia ficou o Mar Fze Francisco Lopes Dias Lebre o 67/65 (Frankenstein), agora por antiguidade, eu, João Roque Belo Mateus o 1161/67 (Fogueiro), o João José Garrido Rossa o 1790/67 (Russo ou Albino) o próximo? Não me lembro, aqui preciso que alguém me ajude, por último o Januário José Espadeiro dos Reis o 727/68 (Pequenote).
Não me lembro bem mas deveria-mos ser ao todo umas 14 equipas de 5 homens cada.
A nossa equipa foi condecorada para carregarregar com a MG42 uma metrelhadora ligeira que pesava um pouco mais de 11 Kg e que disparava cerca 1200 balas por minuto, estavamos artelhados.
Destribuiçao de posições por equipas nas casernas, o pessoal começa a abituar-se ao ambiente de Metangula.
Primeiras saidas para o mato, a pé e em redor da base e não só, por agora não mais de dois dias, sempre de olho alerta.
Neste principio foi mais como um treino, mas não sem algum perigo também.
Na parte sul de Metangula e próximo das Mululucas haverá um grande jazigo de ferro, quando se andava pela zona, se via pedaços de ferro ao cimo do solo, uma área muito rica neste minério nunca explorado.
Outras saídas até Nova Coimbra que ficava no vale do rio Lunho.
Lunho mais para o Este interor, onde tinha existido um aquartelamento do Exército que irei falar mais tarde, uma zona muito castigada pelos ataques terroristas.
A norte de Nova Coimbra junto ao planalto e mesmo no planalto, começamos a ter contactos de Guerra.
Uma bela manhã mais ou menos metade do Destacamento é convocado, o aquartelamento do Cobué que ficava a cerca de duas horas e meia de lancha, tinha sido atacado de noite e como o Destacamento No 5, estava no mato em operação, so poucos dos seus membros tinham ficado, fomos até lá para fazer um reconhecimento juntamente com eles, não nos afastando muito do aquartelamento por ordens restritas do commando em Metangula.
Soubemos que uma granada de bazuca tinha rebentado em frente da messe dos oficíais e que também tinha sido utilizado um canhão sem recuo que tinha sido usado na encosta dos montes a norte do aquartelamento do Cobué.
Não me lembro mas creio termos ficado para o dia seguinte, regressando depois a Metangula.
Assim se passaram os primeiros 6 meses de comissão em Metangula.
O Destacamento No 5 foi para Cabo Delgado, mais propriamente com base em Porto Amélia a poucos metros da praia.
Nós o Destacamento No 9 fomos até ao Cobué, onde se encontrava a outra metade da Companhia de Fuzileiros Navais que estava em Metangula, aqui onde iriamos ficar e para mal dos nossos pecados, mais ou menos 13 meses.
Neste momento, posso dizer estávamos realmente preparados mas mesmo assim, não sem uma pequena apreensão até se ouvir o primeiro tiro, quer de um lado ou do outro, nunca se sabia qual era a direcção que a bala levava, a partir daí tudo se tornava mais facíl.
O Cobué neste momento era uma pequena povoação de Africanos, muitos deles que tinham sido resgatados no mato e trazidos para alí.
Anos antes e por aquilo que se falava o Cobué era uma povoação com mais de dez mil abitantes.
Mas isso foram coisas que se passaram antes de nós e que não irei contar.
Neste ponto só vou adiantar que uma Companhia do Exército o Sete de Espadas a que pertenceu o nosso saúdoso ciclista Joaquim Agostinho e juntamente com o Destacamento que lá se encontrava nesse tempo e devido a acidentes que foram acontecendo no aquartelamento a população começou a desaparecer. Uns para as ilhas do Likoma que ficavam não muito longe do Cobué, outros para o mato, la foram desaparecendo ao que a povoação desapareceu completamente.

2 comentários:

  1. Gosto de ler o que os bloguistas escrevem nos seus blogues, narrando factos que viveram, durante a guerra do ultramar, em todos os teatros de operações.
    O texto em referência, na sua ultima parte,o seu autor escreve sobre a Companhia de Cavalaria 754 (Eete de Espadas). Como defensor da verdade, confirmo suas palavras. Sou desse tempo e tenho conhecimento dos factos descritos. A referida companhia chegou ao Niassa, nos primeiros meses do ano de 1965, foi colocada em Nova Coimbra, eu pertencia ao Batalhão de Caçadores 598, destacado em Metangula.

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  2. Boa noite.
    Recordo Lago Niassa,estive no Cobué e Meponda.
    Fazia parte da tripulação da LDM 407, embora tenha passado por outras, Período de mês 5 de 72 a17/05/74.Ao ver o teu bloog, não consegui defenir ninguem no vídeo, é claro: que pareceres é bem diferente do ser. De qualquer modo, fico contente por ver companheiros que no mesmo tempo deram o contributo Nacional.

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Cancioneiro do Niassa Velhas picadas esburacadas Capim cerrado E o calor, sinto o suor Corpo cansado Moscas mosquitos Bichos esquisitos Ai é...